O que me remói?
O que será que me remoí
neste exato momento? O que dói em mim? O que me machuca? Talvez uma tristeza
camuflada, uma alegria demasiada falsa, um torpor gélido-quente que fosforesce
e transcende minha existência. Uma coisa tão abstrata que suprime por completo
a coisa substantivo e fica a vagar no vazio. Só sinto que dói. Uma gota viva e
vermelha rompe meu vazio escuro. Rasga a tessitura da carne musculosa e instala
o ardor. Não quero sentir. Não sou obrigado a sentir. Clamo pelo gélido e transparente
vapor da coisa salvadora. Ele não vem. Viver talvez não seja tão simples assim.
Viver talvez seja como apalpar brasas em lava e aguentar a dor. Aguentar seja,
talvez, a maior virtude dos homens. Toco a epiderme gélida que ferve por dentro
e quero desagregar alma e corpo. Meu reflexo no líquido salgado acumulado em
meus braços não me reflete mais. O que
sou eu, uma coisa do mundo ou um mundo de coisas? Já quero sentir, transmitir e
descobrir, mas é tão inebriante que morro quente para renascer gélido.
2 comentários:
Belo Texto meu amigo,esse texto transmiti a verdade da dor que sentimos,obrigado por fazer textos tão incríveis.
Muito obrigado pelo comentário, Edimara Freire! É bom falar da felicidade, mas também é bom explanar sobre a dor e a confusão subjetiva.
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