Livre. Lua. Leve
Em um desses fins de tarde, “a boca da noite” como
costumam chamar, nos quais o alaranjado do sol fervente dá lugar ao azul frio e
escuro da noite eu sentava em minha calçada na cadeira mais traiçoeira de todas
– acredite: quando ela quer ser má ela consegue. Outro dia minha tia subiu nela
para limpar uma prateleira e adivinha o que aconteceu? Isso mesmo, a cadeira
amoleceu as pernas, bombeou e quase derrubou ela. Mas a crônica de hoje não é
sobre as maldades frias da cadeira vermelha. Longe disso! Isso pode ficar para
a próxima. Ah, que fique logo bem claro: ela não tentou nada comigo! Gosto das
coisas explicadas, principalmente para o caso de a cadeira estar, nesse
momento, esmerilhando concentrada em minhas palavras.
Então, estava nesse cenário pitoresco quando olhei
para o céu e além dos pontinhos cor de ouro que surgiam incontrolavelmente
rápido a vi, a Lua. Redonda, grande e de um branco transparente acinzentado.
Ela estava linda. Uma graça. Fechei e coloquei Clarice no colo para ficar
apreciando a Lua. Nesse exato momento, o relógio marcou dezoito horas, o padre
rezou a “Ave Maria”, a vizinha trouxe uma cadeira, juntou-se a mim na calçada e
a minha tia chegou. Pronto! Foi só ela me achar admirando nosso satélite
natural para começar a falar que eu estava apaixonado.
Ouvi aquilo e apenas sorri. Mas meu cérebro
trabalhava: Quem inventou essa história de que só observa a Lua quem está
apaixonado? Por isso, agora lhe pergunto o mesmo, caro leitor. Quero saber sua
opinião sobre isso. Você acha que isto está certo? Olha, nem se esquiva que de
mim você não escapa. Quero ouvi-lo! Mas para facilitar as coisas para você irei
continuar escrevendo e vou contar o que penso disso.
É o seguinte: primeira lei da vivência humana: se
Deus te deu um par de olhos, foi para olhar T. U. D. O! (Juro que não é
propaganda de meu livro, mas se você ainda não leu, basta procurar a opção no
menu para ser direcionado até ele) Olhar qualquer coisa a qualquer momento. Os
olhos servem para apreciar as coisas que não podem ser tocadas por nenhuma
outra parte de nosso corpo. Os olhos desejam, satisfazem-se, denunciam, observam,
amam, comem... Sendo assim, eu, você, tu, ele, nós, vós, eles podemos observar
o que quisermos, o que bem entendermos. Olhar tal coisa não significa tal
coisa. Só você sabe o significado de seus olhares. Portanto, não venha com essa
de que se olhar para a Lua, está apaixonado.
Dito isso, acrescento outra coisinha: por que a
Lua tem de ser sinônimo de amor, romantismo, namoro? Só por que os casais
resolvem se amar durante a noite e usam seus olhos para admirar esse astro não
significa que ele seja símbolo do amor. A Lua é linda e independente! Quem
pensa que ela morre de amores pelo Sol e sofre por não poder estar perto dele
se engana. Ela vive é solteira curtindo a noite com suas inúmeras amigas
douradas e pegando o maior número possível de meteoros. Ela só quer saber de
iluminar, sorrir, espalhar luz e alegria. Amor? Amor não ilumina nada. Depois
de um tempo de luz intensa a escuridão chega para todos. Por isso, a Lua quer
saber de amar os momentos. Muda a cada fase. O tempo nunca está ruim para ela.
Se está cheia de tudo, vira nova. Muda para o novo. Se está minguante, cresce
que é uma beleza. Sofrimento não dura muito para ela. Portanto, quero aqui
desconsertar esse pensamento, pois minha amiga Lua não sugere uma figura
romântica abobada.
Pois é, quando alguém me vir olhando esse astro
inigualável estarei apreciando sua beleza e a singularidade do momento. Para
penar no amor leio meus amigos do Romantismo.
E você, concorda ou discorda? A que conclusão
chegou?
2 comentários:
Acredito que o amor está em tudo, porque não na lua? bem eu sou uma eterna apaixonada e discordo um pouco, é o seu ponto de vista claro, mais o meu é esse,a lua sempre será um espelho para os eternos apaixonados.
Muito obrigado pelo comentário e pelo seu ponto de vista, minha amiga.
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